TRISTE

Não se desfaz este esgar
que se colou na minha cara
e que o reflexo dos espelhos
e das vidraças entreabertas
me gritam pelos olhos murchos.
Quero arrancá-lo
(vã tarefa)
dos cantos da boca
e dos traços desta pele envelhecida de repente…
Macilenta a dor estampada,
metamorfoseada em rito triste
e outra vez em dor!
Cada auréola do cigarro semi-apagado entre dedos
soa em blues cinzentos
de dia chuvoso amanhecendo.
Engulo seco pedras em riste
dilacerando devagarinho,
acabando por pesar…
dentro!
Cada respirar soa a suspiro looongo
que no “o” final,
sem fôlego,
transpira
e treme,
vela soprada sem apagar.


"desenhado pela água" foto de Gall

2 Comments:

Blogger MariaOnLine said...

Porque se desdenha a tristeza?
A tristeza é tão profunda como a alegria, tão profunda como qualquer misticismo, tão humana como o choro, mas devido às nossas manias, parece ter pouco prestígio.
A vida não podia ser melhor e mais injusta.

8:17 da tarde  
Blogger Monalisa said...

Custa-me comentar o que escreve. Tudo o que diga pode parecer banal ou lisonja de blog. Portanto...um beijo e até já.

10:30 da tarde  

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