Desconforto



na ausência de audácia que perturbe a indefinível sensação
empalado em bloco de granito amarelo e frio
ao frio
cada filamento orgânico chia
exposto em venda como coisa velha
não antiga
raiva deste minuto em que o passado já foi
e o futuro não veio
(não tendo importância
apenas porque não)
enquanto o Sol bate no rosto
e o vento atropela cabelos
brilhando selvagem
e florescendo na marginal junto ao mar
na hora em que as lágrimas outonais
desvanecem-se pela face
sem tristeza
sem rancor
sem ira
apenas por efeitos de luz demasiado forte
trespassando os olhos tão frágeis e verdes
dedos entrelaçados em mão na mão
embalados no som de ondas quebrando
e panos arregaçados nos mastros
em esforço de liberdade.
segundo a segundo
palavras dor soltam-se
compondo o momento suave…


"pedras do vento" foto de Gaspar Pedro

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

rasgos de ilusão brilham ainda na alva pele da verdade

são teus dedos que em garra arranham
teus dentes que em furioso sorriso marcam
louca viagem em esgar de desconforto trazendo a paz imperturbável da pertença

sempre tua

5:54 da tarde  
Blogger Que Bem Cheira A Maresia said...

De volta, vim cá ler-te e deixar-te um beijo saudoso.

Lina/Mar Revolto

4:26 da tarde  
Blogger Que Bem Cheira A Maresia said...

Por onde andas? Estou com saudades!

Beijo da Lina

3:01 da manhã  
Blogger Paulo Ribeiro said...

Fantástico!

2:29 da tarde  
Blogger Cristina said...

Passei para te desejar um Carnaval muito divertido
:)
Beijinhuu

5:21 da tarde  
Blogger Mia said...

Quem serei eu para rebuscar nas "pedras do vento" o que o vento levou...só queria deixar a alegria imensa que me deu ver esta foto, tão cheia da alma de um poeta igualmente fantastico ...que já se foi, mas que deixou nos que o conheceram o toque mágico do su ser...esta foto, como outras que lhe conheci são a força de viver que continha...parabens pelas palavras...

4:31 da tarde  

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